Arquivo do mês: julho 2012

Ego, deixa os pensamentos (ou simplesmente ‘A traição da mimosa’)

Se tem uma coisa que percebi ultimamente e que está cada vez mais forte é que escrever é denunciar. Denunciar a si mesmo! Todos os anseios, angústias, pensamentos – de repente tudo ali, registrado! Falando de amenidades, de vaidades, de confusões. No fundo, no fundo, todas confissões. Nada passa por acaso. E essas palavras não vêm do além. Já que é assim, sou ré confessa. Nada de rodopiar, falar de um, de dois, de três. Melhor assumir e falar que é de mim de uma vez. Não tem que ter medo pra escrever. Se a vaidade abriu um blog (se não fosse continuava a anotar nos meus papeis de faz-de-conta), se a tecnologia me fez sentido, então acordo aqui meu ego adormecido. Um ego de pensamentos, inconsciências e ponderações. Que de tanto ponderar já não sabe ponderar mais nada. Já não pondera letras nem palavras.

A declaração de hoje é ser fiel. Nada de experimentações. Sou adepta do conceito, ainda que digam que fiel é pra cachorro. Também é, e como! Sou fiel a mim mesma. Não engano quem eu sou. E confio em quem está do meu lado. Cegamente. Esse é meu princípio básico. Aí está o ponto da questão. Em terra de rei Lear, não se deveria confiar nem na própria sombra! Mas eu continuo confiando em mim mesma, no meu par. Porque dele não tem nem o que falar. E de mim mesma, nada de experimentações.

Pois o que traio é a credulidade dos outros: outra vez fui com as minhas irmãs na casa de um amigo. Gente, gente, vestido, brilho, festa. EU. Bebida, bebida, cigarro, conversa. EU, Cansaço. Falação, falação, música alta. EU, Cansaço, Fome. Gente, cadeira, cadeira, mesa, bandeja. Mimosa. MIMOSA! Mexerica, tangerina, poncan, mimosa – a fruta! EU! Sentei, descasquei, comi. Em resumo: o cheiro da fruta impregnou na festa, todo mundo me olhava de um jeito estranho e não acreditava que eu tinha descascado uma mimosa. Uma mimosa! E a incredulidade. De uma experimentação que parecia proibida. Nada de experimentações, sim, mas… essa? Não podia trair meu cansaço, minha fome, meu jeito. Que na festa ficou imperfeito.

Se tem uma coisa que percebi ultimamente e que está cada vez mais forte é que escrever é delatar. De tanto escrever, e de tanto falar, fui delatora. Disse, disse que era fiel. Mas traí meu próprio esconderijo: pensamento, com tanta letra pra compor palavras, o texto há de ser teu maior inimigo. Que discordância entre vocês. Declaro o litígio!

Galopem, amigos, galopem!

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Dualidade

Às vezes não sei de onde brota tanta emoção e tanto sentimento no mundo. Tanta coisa boa. E tanta coisa ruim. Capacidade pra realizar e pra destruir tanto. A parte racional nem sempre parece ser a mais fácil, mas sentir dói tanto… tanto, tanto, que de repente o que se quer é ter razão. Pensar. Não mais sentir. O sentimento machuca. Raramente não deixa alguém ferido. Sofrimento próprio se o sentimento nasceu bom. Sofrimento para os outros se é um sentimento que nasce ruim. E bom ou ruim, quem tem razão sobre as suas definições? E o que é a razão enquanto se fala sobre emoções e sentimentos? A dualidade humana. Dualidade na razão e na emoção. Dualidade dentro da própria emoção – gostar, mas sofrer; amar, mas sentir dor. Sempre os contrários em seus pares. Já bem falava Freud sobre os instintos opostos do homem…

E racional é quem não tem emoção? Pois bem queria tantas vezes ser assim. A dor do sentimento dói mais que o pensamento. Planejar, conhecer, saber, agir. Por mais árduo que seja, é sabido. Querer, desejar, amar, sentir – mergulha fundo se és destemido! Mas mergulha aos poucos se tem medo. Vai com calma que daqui a pouco se aprende, o medo vem pela razão que te a(s)cende. E é a razão o humano? Ou seria ela o divino? Ser espiritual, Homo sapiens…  

 

Galopem, amigos, galopem! (e deixem-se levar de vez em quando!)

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