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Equilibridade

 

No meio de tanta gente e tanta coisa, a solidão. Poucas vezes essa sensação! Mas no fundo ela é sempre presente, só escondida debaixo de tanta agitação. Como tudo, dualidade humana. Dualidade mundana. Eros, Tanatos, amor e ódio, raiva e perdão. Tão simples, mas tão difícil a questão…

Gritar e se calar ao mesmo tempo. Gritar pra onde, pra que, pra quem? Pra eu mesma ouvir. Ouvidos de ouvir e olhos de ver. E um mundo todo a se sentir. A se chorar, perder, sofrer, amar. E desamar também. Desapegar e saber que tudo um dia se vai. Viver uma vida leve e, tão leve, tão leve, que pesada às vezes se faz. Na contramão do mundo. Na contramão da cultura. Parar, olhar, sonhar, sorrir. Ser feliz.

E a multidão corre, te olha, te chama. E você ali, parado. No meio do mundo, no olho de tudo, no centro da contramão. Fora de si e ao mesmo tempo muito, muito dentro. De tanta introspecção. Olha e fecha o olho. Estampa um sorriso e fecha os lábios. Abre e fecha a mão. Dualidade humana. Mas no meio disso tudo, dessa vez, não havia uma contradição. Corpo e alma em equilíbrio – perfeita combinação.

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Brasil – o país do circo, da esperança e da aceitação

Esse é o nosso problema. Não são os jogadores, queridos. Não é o técnico. Somos nós. O que acabamos de ver no jogo nada mais é do que o retrato dos brasileiros. Desde sempre nosso problema é ter esperança, e ter tanta esperança nem sempre é bom. Porque temos esperança, muita esperança, sem nada fazer.

Primeiro que, pra esse jogo, a única esperança do time e de todos os brasileiros era o Neymar. Tudo foi depositado em um único jogador, mesmo tendo outros 11 pra entrar em campo. Os jogadores também acreditaram nisso e já entraram pra jogar desacreditados neles mesmos. Tudo ficou mais claro – e até escancarado – depois do primeiro gol tomado. O jogo não parecia uma partida de Copa do Mundo. E era uma semi-final de Copa do Mundo! Mas é o que fazemos com o país como um todo – tudo está ruim, tem muita coisa pra mudar, pobreza, desigualdade, falcatrua, corrupção… mas não fazemos nada por isso. Depositamos nossa esperança em um terceiro. Deixa que o próximo governante resolva (e ele não vai fazer nada de diferente, porque não sabemos escolher); deixa uma entidade resolver ou entrega nas mãos de Deus… e nós? Temos esperança de que vai ser diferente! Agora pode ficar mais fácil justificar o placar, sem Neymar tudo se justifica porque foi depositada muita (se não toda) esperança nele. Força, Neymar!

Desde o início da Copa o time do Brasil não parecia tão bem… mas não se pode falar nisso que és considerado um pessimista nato. (e diga-se de passagem que, agora, diferentemente, devem pulular textos julgando o time, a técnica, criticando as falhas… e todos viramos crentes e craques no futebol – ‘eu sabia que isso ia acontecer!’ ‘Tinha que ter mudado! ‘Como insistiu nisso?’) Mas o foco aqui é outro. A questão é que, mesmo com falhas e por vezes reconhecendo os erros, passamos a mão na cabeça. De um jogador que sonhou em jogar na Copa e, coitado, vou passar a mão na cabeça dele e mantê-lo aí. De um pai que, vendo o filho chorar sem motivo ou mesmo estando errado, passa a mão na sua cabeça também. Porque sempre passamos a mão na cabeça do outro, passamos a mão na cabeça de tudo! Deixa assim que daqui a pouco se resolve… coitado do Neymar. Sim, também tive pena dele, foi machucado! Mas e a equipe? E o psicológico deles? E o Brasil? E quem tem dores no hospital público, e quem nem leito tem em hospital, e quem de tanta dor de fome morreu no país? Hoje torce por ele.

Pão e circo (sem o pão, pois o circo aqui no Brasil já resolve). Não é culpa dos jogadores. Fácil seria depositar a culpa em alguém, como sempre fazemos (assim como fazemos com a esperança e jogamos no colo de outrem). O Brasil sofreu a goleada que sofreu e não tem problema a derrota. Não tem problema essa derrota. Se fosse a Alemanha, tudo bem? Não temos senso de perdedor e não percebemos que perdedores  somos desde o início, como país, porque somos a cultura da aceitação passando a mão na cabeça. Crianças choram incrédulas com a derrota em um jogo, de um time, e os pais choram junto, se abraçam e se unem nesse momento de dor.

E depois? Acabou a Copa. O Brasil volta a ser o que era e nunca deixou de ser. Essa união e dor conjunta, essa vibração, depois, não existem mais. Sou brasileiro, com muito orgulho… dentro do estádio de futebol. 

 

Marcela Galvão Bernardi Afonso

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Leia rápido – esse link vai expirar

Engraçado como somos tentados a ver alguma coisa quando ela chama atenção. E chama atenção alguma curiosidade… alguma coisa que é inédita, breve, que vai passar logo e não vai mais voltar. Isso parece que tem valor. Você tem que ler esse link porque ele vai expirar, some e não volta mais. Preciso ver o que é antes que desapareça! Oportunidade única na vida, é pegar ou largar… somos tentados e às vezes pegamos.

Estamos vivendo em uma época de tentações e de efemeridade. Já estamos acostumados com a ideia de que tudo tem que ser rápido, senão não queremos mais. ‘Leia rápido’ – rápido, ante que você desista; rápido, antes que obrigações te chamem; rápido, porque você vive correndo. Correndo pra que, por que, pra onde?

Não sabemos ao certo aonde queremos chegar, mas sabemos que temos pressa, muita pressa. Pressa de chegar a algum lugar. Que essa nossa eterna pressa se transforme em ânsia – ânsia de viver, ânsia de aproveitar mais cada momento, cada detalhe, de ouvir e ver a vida com a alma solta. Não tenha pressa, não precisa de pressa.

O tempo que você gastou pra ler esse texto é precioso e você precisa de um pouco de ócio… o link não vai expirar. Sua vida um dia sim; aproveite antes disso!

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A INCRÍVEL GERAÇÃO DE HOMENS QUE FOI CRIADA PARA ACEITAR A MULHER QUE ELA QUISER SER (E ELA NÃO SABE O QUE GOSTARIA DE SER)

Não sei se é privilégio meu ter o homem que me aceita como sou. Mas escrevo esse texto partindo do pressuposto que existam (ainda) muitos assim. Só que a mulher, na correria do seu cotidiano frenético, com seus 26 emails por ler, suas 4 amigas esperando pra sair, seus estudos pro curso de francês e seus trabalhos de Doutorado aguardando, não consegue achar. Primeiro porque vai procurar no lugar errado – tudo o que consegue fazer é ir pra balada dançar, beber e descarregar lá o pouco de energia que lhe resta. E no meio da multidão de bêbados fala palavrão, chora, ri, esperneia. E acha bonito.

Depois porque, muitas, estão insatisfeitas com a vida que levam. O pai pagou os estudos; a mãe sempre quis que se formasse; soubesse dirigir; falasse outros idiomas; viajasse o mundo… e ela fez tudo isso! Conseguiu um bom emprego, conseguiu comprar um carro, conseguiu um salário dos sonhos e já pode se sustentar sozinha. Como largar tudo isso e desagradar os pais? E desagradar a si mesma? Não era o que ela sempre quis a vida inteira? Um bom emprego? Como largar um salário gordo daqueles?

Pois é… acontece que nem sempre somos sinceras. Adoramos postar fotos felizes, mostrar nossa independência, sair pra passear sozinha com o cachorro, ir pro salão fazer- tudo-o-que- tem-direito com o próprio dinheiro, comprar bolsas e sapatos, ir pra academia, beber cerveja, assistir futebol, acompanhar UFC, aprender a tomar whisky e… se sentir solitária. No fundo, é isso que somos. Solitárias. Pedir igualdade de direito para as mulheres foi massacrar nossa paz interior – vivemos em conflito sobre o que queremos ser.

Veja, sou uma de vocês. Estudei, aprendi a dirigir, fiz curso de inglês, francês, pós, arranjei um bom trabalho e casei. E o que eu queria era voltar ao passado na época em que se tinha tempo pra ter filhos, pra cuidar dos filhos, cuidar da casa. Cuidar do marido, ir ao mercado com tempo e com calma – e não escolher legumes que nem sei o nome porque acabei de sair do trabalho correndo atrasada nervosa estressada e quero chegar em casa e cansada e sem tomar banho e de salto ir pra cozinha fazer alguma comida que eu nunca fiz porque quero agradar meu marido e quero aprender a fazer alguma coisa porque nem bolo de caixinha sai direito e o meu chefe já está ligando de novo e daqui a pouco meu marido vai chegar e eu estou no meio da cozinha e tudo o que coloquei no forno já está queimando meu Deus do Céu que desespero!!

Meu marido aceita muito bem minha posição. Se eu quero trabalhar, está tudo certo. Não precisa de janta, de mais cuidados com a casa, de nada. Mas EU não aceito bem isso. E acho que às vezes é o que acontece com a gente. Estamos espantando os homens! Fingimos pra eles que queremos nossa independência (e sim, muitas vezes queremos! É bom ter o próprio dinheiro pra comprar o que quiser), mas gostamos MUITO da moda antiga. Só que nem cogitamos parar de trabalhar. Precisamos do nosso salário pra ajudar a sustentar a casa. Pra ajudar a comprar a viagem de final de ano. Pra fazer o nosso cabelo, nossa unha, nossa maquiagem. Como pedir pra eles? Não queremos! E eles adoram essa situação; a mulher ajuda com dinheiro em casa! Como desagradar nosso pai, que indicou esse caminho desde o início? Falar pra ele que vou virar uma dona de casa? Nem morta!

 

Os homens não foram criados de forma errada. Eles aceitam e gostam quando a mulher ajuda até a pagar as contas, se for preciso. Talvez as mulheres estejam sendo – não estamos felizes de verdade e vivemos em conflito com a gente mesma. Se independente é o que queremos ser, ótimo. Mas em algum momento nosso instinto deve falar mais alto. A mulher não perdeu suas raízes. Vai ter vontade de ter filho um dia, de cuidar da casa, de viver mais tranquila. E não conseguimos aguentar tudo junto. Nós mostramos para o homem e para nós mesmas alguém que não somos, lá no fundo, bem de verdade.

Cólica, TPM, – tudo acontece no dia da pior reunião no trabalho. Mas estamos lá, firmes e fortes, com um falso sorriso estampado no rosto. O que importa é aceitar bem quem você é hoje. O que está se tornando. E escolher o homem que a aceite do jeito que é. Aceitação não é por conveniência – é por amor e respeito. É só o que deve estar faltando hoje em dia…

Mulheres, avante o cavalheirismo!

 

p.s.: como a maioria de nós – sim, ainda estou trabalhando e não consegui largar tudo o que me amarra e meu pai sempre ensinou. =/ Estou tentando quebrar meu complexo de Electra…

 

Marcela Galvão Bernardi Afonso (sobrenome do marido, com orgulho)

Jornalista e psicóloga

 

 

 

 

 

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ACENTUADO

O Português, coitado, anda tão maltrapilho e rasgado –

a população sabe mais o americanizado

Nosso Português, sempre de lado

E nessa ocasião escuto tanta coisa, leio tanto ‘pecado’

Que daqui a pouco a gente vai sentar no circunflexo

E acentuar o estofado.

Galopem, amigos, galopem!

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velocidade da escrita

Galopar, galopar… por que os pensamentos vem tão rápido e não dá tempo de registrar? Tempo, tempo… tempo pra tudo, mas tempo de nada. Pensamentos passam, viajam, galopam sem parar e essas letrinhas escritas não conseguem acompanhar!

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Explorar inspirações; inspirar explorações

Há tanto mais a ser explorado em mim. Tanto, tanto, que eu nem sei o quanto. Não sei se é bom ou ruim, se é tão claro assim… sei que há mais a ser explorado em mim. Não falo de uma exploração supérflua, em vão, superficial. Falo de explorar esse meu medo, minha mente, criações, letras em potencial. Tanta palavra solta, pensamento aceso, tanta história que eu ainda não contei. Ainda nem vivenciei!

Que essa idade toda que eu trago agora é tão nova, tão bela; tanta coisa carrego nela… e mesmo assim nem sempre consigo transmitir tudo o que se passa em mim. Perguntem, questionem, retornem, critiquem – há de ter alguma coisa nova por vir, sempre.

Tenho estado com vontade de me reinventar. Aprender de novo, criar, fazer algo mais; talvez o que nem sei se sou capaz. Preciso de uma energia boa, fluindo, correndo, mudando, transformando meu modo de ser. Uma energia que me alimenta, fascina, que me inspira, faz escrever.

Pensamentos que vão e que vem; outros que nunca foram embora. Todos eles galopam sem rumo, passeando, juntando-se um ao outro e se afastando. Dessa vida de agora e a de outrora.

Galopem, amigos, galopem!

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Visão

Temos olhos que nem sempre são de enxergar. Olhos de ver, que parecem não querer enxergar a beleza da vida. Olhos que só veem maldade, tristeza, corrupção. Fome, miséria, abandono, tragédia, caos sem solução. Também é. Mas a vida é mais que isso, muito mais. Mais que a correria diária, aquela correria desvairada por que passo todo dia e não sei ao certo aonde quero chegar! Quero estar onde estou. E pra que correr? Na correria, não enxergamos. Mal vemos. Os detalhes, a beleza, a vida. Tanto céu pra se apreciar! Suas nuvens, estrelas, seu sol. Deitar sobre o nada, só pra admirar as estrelas… sentir a brisa da noite, deixar o corpo fluir – pensamentos vazios, tantas sensações! Nada de estar preso à racionalidade humana. Parar, sentir. Enxergar. Enxergar tanta beleza. Sentir a pureza. O cheiro da grama molhada, a essência da vida.

Hoje acordei vendo tudo o que se passava à minha volta e tudo o que descobri é que não sabia enxergar. Amanhã quero acordar com visão. Não qualquer uma, a minha própria. A minha própria visão, que estava embaçada, descrente, cansada. A minha visão que vai enxergar o que de fato a vista quer ver, não o que a mente faz aparecer. Observar, notar, perceber. Não fingir que o mundo é cor-de-rosa, mas me permitir ver tanto encantamento diário, que passava escondido pela vista de outro cenário. Amanhã quero enxergar a vida.

Galopem, amigos, galopem!

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Desfile de máscaras

Tanto analfabetismo! Tanta engabelação! Patifes, patetas, covardes. Não falo de um analfabetismo iletrado, mal falado pela população. Falo de um analfabetismo social. Humano. Política desses tempos… tanta covardia mostrada, tanta coragem escondida. Nossa coragem. Coragem deles existe. E basta. Rostos, frases, falas.

Nossa covardia. Realidade social estampada; a ideologia pintada em cartazes. Placas, fotos, dizeres. Um mundo novo; um mundo melhor. Quais melhorias? Benefício próprio, regalias.

Patifes, patetas, covardes. Cadê a coragem? Nossa coragem se esconde em panos, em carros, em ônibus, em bancos, em escolas, em casas, empregos, desempregos, em véus. O véu que faz a máscara do povo. Véu construído pelo que move essa máquina – analfabetismo, engabelação.

Uni-vos! Nós, o povo. Movemos a máquina. Fazemos dessa máquina tanta sujeira latente. Há que se fazer manifesta, mais manifesta! Manifesta + ação. Manifestação. Com vozes, palavras, sons, sonhos. Um sonho. Uma voz que se escuta. Grita, ecoa, ressoa.

Tanta engabelação. Tanto analfabetismo. Tanto, tanto; que patifes, patetas, covardes poderiam ser pejorativos. Não são. Covardia deles crer que o povo ainda aceita tanta falação. Patifaria na nossa frente, motivação. Uni-vos!

 

Galopem, amigos, galopem!

 

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O paradoxo da escrita

Escrever é

libertar

e prender

os pensamentos.

 

Galopem, amigos, galopem!

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